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Creatina: para gestação e fertilidade!

Foto do escritor: Marina MoraisMarina Morais

Atualizado: há 1 dia


Carnes (tecidos musculares) e coração são as melhores fontes naturais de creatina. Clique aqui para aprender estar receita de Coração Bovino.

Se você vem do mundo da nutrição esportiva, talvez já conheça a creatina. Mas conheço o papel dela na fertilidade e gestação? Calma! Não estou dizendo para todo mundo suplementar creatina para ter bebês saudáveis, viu?


No post de hoje quero te explicar sobre como a creatina pode ser muito útil nestas fases da vida, seja pela alimentação ou (quando indicado) pela suplementação.

Almôndegas de carne bovina e suína, clique para pegar a receita.

Carne: um alimento campeão para fertilidade


Aminoácidos são pecinhas que formam proteínas no nosso corpo e nos alimentos. Alguns aminoácidos especificamente tem papéis importantes na nossa fertilidade como lisina, taurina, glicina, L-carnitina e creatina. Todos estes aminoácidos são encontrados em alimentos de origem animal: em plantas, estes aminoácidos não são encontrados ou estão em quantidades insuficientes.


Não é a toa que os nossos ancestrais consideravam a "comida para fertilidade" como sendo comida de origem animal com foco em carnes, ovos (inclusive ovas de peixes), vísceras, peixes, laticínios integrais e frutos do mar. Estes alimentos são densos em nutrientes vitais para a boa fertilidade como vitamina A, B12, ferro, zinco, ômega-3 e mais! Nossos ancestrais comiam o animal inteiro, incluindo as vísceras e ossos (que eram transformados em caldo) e assim aproveitavam os nutrientes do animal de forma íntegra. Frutas e vegetais também compunham a dieta deles, claro: quando estavam disponíveis dependendo da região em que moravam e da época do ano em que estavam.


A dieta ocidental moderna substituiu o consumo de alimentos integrais de origem animal por uma quantidade exorbitante de carboidratos refinados na forma de farinhas e amidos (seja de trigo, de milho, de mandioca) e açúcar. Essa troca somada a diversas outras alterações no estilo de vida nos colocaram em uma posição difícil. Temos um número crescente de obesidade, doenças crônicas e infertilidade.


Doenças como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional e condições como restrição de crescimento intra-uterino estão cada vez mais comuns e isso é reflexo das nossas escolhas de estilo de vida.


Fiz questão de despertar estas questões e contextualizar a creatina para que você entenda que a solução não é "suplementar e pronto". A solução é voltar a comer uma alimentação adequada para a nossa espécie, que inclui naturalmente diversas fontes ricas em creatina!

De volta à creatina


A creatina é um aminoácido importante para tecidos de alta demanda energética. Isso inclui tecidos reprodutivos (tanto em mulheres quanto em homens) e também cérebro e músculos. Estes tecidos dependem da creatina para "reciclar" ATP (adenosina trifosfato) para produzir energia!

O útero tem uma demanda energética aumentada em fases específicas como ovulação e gravidez percebemos que o metabolismo da creatina fica ainda mais ativo. A creatina tem papéis específicos na:

  • ovulação;

  • implantação (alterando a receptividade uterina)

  • função placentária;

  • desenvolvimento fetal.


Em homens, a creatina contribui na motilidade do espermatozóide. Estudos também apontam que ela pode "aumentar a capacidade de fertilizar do espermatozóide".


Estudos recentes também mostraram que a creatina pode ser protetora do cérebro do feto contra lesões (incluindo paralisia cerebral).


Além disso, o consumo de creatina é uma forma de evitar e tratar a restrição de crescimento intrauterino (RIU). Algumas gestações tem como complicação a má circulação no cordão umbilical e/ou a má placentação, que pode inclusive estar associadas a pré-eclâmpsia ou simplesmente a uma má formação da placenta nas primeiras semanas da gravidez. Nestas situações, o bebê não recebe nutrientes e oxigênio suficientes pela placenta e cordão e acaba não atingindo seu potencial de crescimento.


Quando há restrição de crescimento, a nutrição pode ser uma excelente ferramenta que ajuda, em muitos casos, a reverter este quadro colocando o bebê em um padrão de crescimento mais saudável.

A creatina faz parte da reciclagem de energia em ambientes sem oxigênio (hipóxia). Lembra que eu falei da transferência ruim de nutrientes e oxigênio para o bebê em RIU? Então, este bebê está em situação de hipóxia. A creatina pode ajudar a fornecer energia ao bebê mesmo nessa situação, fazendo com que ele volte a crescer e ganhar peso. É claro que essa é apenas uma das estratégias, outras suplementação e ajustes na dieta também precisam ser feitos. Mas as mamães precisam saber de suas opções (até mesmo para "testar" se o profissional de saúde que as atende está atualizado).



Bouef Bourguinon do meu E-book "Comida Saudável para Vida Real"

Como consumir creatina?


Conseguimos creatina por meio da dieta e também por produção endógena, ou seja, do próprio corpo. As melhores fontes alimentares de creatina são carne vermelha e frutos do mar, mas ela também está presente em porco, cordeiro, frango, coelho e outras carnes animais.


Será que consumimos o suficiente? Um estudo de 2021 nos EUA constatou que 43% dos americanos tinham um consumo diário de creatina abaixo do recomendado, que é de 1g por dia.

E o estudo diz: "o baixo consumo de creatina pode ter papel etiológico (ou seja, causador) nas cada vez mais prevalentes doenças crônicas" e sugere que políticas públicas promovam padrões alimentares com comidas ricas em creatina e até mesmo sugira a suplementação ou fortificação de alimentos para a população geral.


E os vegetarianos?


Cerca de metade da creatina que utilizamos vem da produção endógena. Mas atenção: para produzir a creatina, o corpo utiliza outros aminoácidos como arginina, metionina e glicina além de nutrientes como vitamina B12, colina, folato e triptofano. Adivinha quais são as melhore fontes de glicina, colina e arginina? Proteínas de origem animal! Sem falar que vitamina B12 é encontrada exclusivamente em alimentos de origem animal.


Estudo mostra que "a ingestão de dietas vegetarianas está associada a níveis séricos e musculares de creatina diminuídos, o que pode indicar uma síntese insuficiente de creatina. Não é surpresa que vegetarianos tem níveis mais baixos de creatina quando comparados a onívoros.


Suplementar é a solução?


O melhor jeito de consumir creatina é diretamente das suas fontes naturais já que elas também estão associadas a outros aminoácidos, vitaminas e minerais importantíssimos. Consumir mais proteínas de origem animal do rabo ao focinho é uma das melhores formas de melhorar nossa saúde com uma rica variedade e densidade de nutrientes.


No entanto, a creatina suplementar pode ser muito útil em situações específicas:

  • quando não há a possibilidade de comer mais carnes.

  • quando há vegetarianismo.

  • quando há uma necessidade aumentada como na gestação com restrição de crescimento intrauterino.

  • outras situações como prevenção de danos cerebrais em adultos, tratamos de demências, etc.


Um bom profissional de saúde atualizado e interessado no alcance do seu potencial poderá te orientar especificamente! Se você é gestante ou tentante, ficarei feliz em te ajudar no consultório ou por meio do nosso programa Mamãe Leve.









 



Referências

  1. Wyss, M., and R. Kaddurah-Daouk. “Creatine and creatinine metabolism.” Physiological Reviews 80(3) (2000): 1107–1213.

  2. Dickinson H, Bain E, Wilkinson D, Middleton P, Crowther CA, Walker DW. Creatine for women in pregnancy for neuroprotection of the fetus. Cochrane Database Syst Rev. 2014 Dec 19;2014(12):CD010846. doi: 10.1002/14651858.CD010846.pub2. PMID: 25523279; PMCID: PMC10657457.

  3. Shaw OEF, Yager JY. Preventing childhood and lifelong disability: Maternal dietary supplementation for perinatal brain injury. Pharmacol Res. 2019 Jan;139:228-242. doi: 10.1016/j.phrs.2018.08.022. Epub 2018 Sep 15. PMID: 30227261.

  4. Muccini, A.M., et al. “Creatine metabolism in female reproduction, pregnancy and newborn health.” Nutrients 13(2) (2021): 490.

  5. Fleiss B, Wong F, Brownfoot F, Shearer IK, Baud O, Walker DW, Gressens P, Tolcos M. Knowledge Gaps and Emerging Research Areas in Intrauterine Growth Restriction-Associated Brain Injury. Front Endocrinol (Lausanne). 2019 Mar 29;10:188. doi: 10.3389/fendo.2019.00188. PMID: 30984110; PMCID: PMC6449431.

  6. Umehara, T., et al. “Creatine enhances the duration of sperm capacitation: a novel factor for improving in vitro fertilization with small numbers of sperm.” Hum Reprod 33(6) (2018): 1117–1129; Fakih, H., et al. “Enhancement of human sperm motility and velocity in vitro: effects of calcium and creatine phosphate.” Fertil Steril 46(5) (1986): 938–944.

  7. Ostojic, S.M., and S.C. Forbes. “Perspective: creatine, a conditionally essential nutrient: building the case.” Advances in Nutrition 13(1) (2022): 34–37.

  8. Burke, D.G., et al. “Effect of creatine and weight training on muscle creatine and performance in vegetarians.” Medicine & Science in Sports & Exercise 35(11) (2003): 1946–1955.


 

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1 commento


ericka carvalho
ericka carvalho
há 21 horas

Todas as nutricionistas que fui nao quiseram suplementar creatina por dizerem nao haver estudos suficientes sobre a segurança do uso na gestação. Eu pratico musculacao e sempre tomei whey e creativa. Na gestação continuei tomando apenas whey.. e desde q ela nasceu tbm n encontrei nutri que recomendasse o uso por eu amamentar… é seguro a lactante tomar?

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